Uma nova visão sobre desenvolvimento vem se fortalecendo no século XX. Nesse contexto, as questões ambientais, juntamente, com os aspectos socioculturais ganharam notoriedade, destacando-se a qualidade de vida humana como um dos pilares para o progresso. Nessa perspectiva, os modelos de negócios têm cada vez mais primado pelo desenvolvimento sustentável, buscando-se a utilização dos recursos naturais não somente no presente, mas resguardando-os para gerações futuras.
O atual cenário econômico-tecnológico impõe às organizações a necessidade de mudanças contínuas no modo de operar e gerir seus negócios para que se adaptem à nova realidade e se mantenham competitivas. O aumento da conscientização e interesse do consumidor na forma como os produtos e serviços são produzidos, utilizados, descartados e de que forma afetam o meio ambiente, cobra das organizações, práticas mais limpas de produção e certificação com reconhecimento internacional.
Logo, as ações voltadas para a Gestão Ambiental tornam-se indispensáveis, face aos crescentes impactos ambientais, a exemplo do ocorrido com as mineradoras nos municípios de Mariana e Brumadinho em Minas Gerais, além de vários outros associados ao desenvolvimento econômico e crescimento populacional.
Os conhecimentos das leis ambientais, conteúdos afins e formas de gerenciamento por meio de plano de gestão, embasados em controle de qualidade nas avaliações e monitoramento dos impactos, no Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e nas normas ISO (família de normas NBR ISO 14000 e 26000) exigem ações de profissionais preparados para atuarem na implantação e/ou condução de empreendimentos já implantados, de forma sustentável, redundando na melhoria dos aspectos econômicos, culturais, sociais e ambientais.
A gestão por meio de instrumentos legais dita normas na execução de projetos, promovendo uma maior proteção dos recursos naturais. No município onde o Campus do Instituto IF Sudeste MG está inserido, ações favoráveis já têm sido tomadas por parte da Prefeitura Municipal. Pode-se citar a criação da Lei municipal no 3.194 de 22 de abril de 2010, a qual cria o Fundo Socioambiental de Bom Sucesso, objetivando apoiar o desenvolvimento de planos e projetos de pesquisa, saneamento ambiental, bem como, ao controle, fiscalização e a defesa do meio ambiente. Atrelado a isto, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, estabelecida por Lei em 2010, denota obrigatoriedade do destino dos resíduos para aterros sanitários para 2021 em cidades com população inferior a 50.000 habitantes, e prazos menores ainda para as metrópoles que deverão estar aptas a partir de 2018 e demais cidades (50.000 a 100.000; acima de 100.000 habitantes), respectivamente em 2019 e 2020. Estrategicamente e em consonância ao exposto, o curso de Tecnologia em Gestão Ambiental-TGA do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais, Campus Avançado Bom Sucesso vem ao encontro da formação de profissionais qualificados para atuarem na gestão, que, conjuntamente, com as ações ocorridas na prefeitura deste município e de municípios vizinhos buscam interagir em soluções viáveis na promoção sanitária e ambiental.
O agronegócio lidera a economia do município de Bom Sucesso, com crescimento contínuo (segundo IBGE 2010, com IDHM crescente de 0,444 em 1991 para 0,590 em 2000 e chegando a 0,692 em 2010) demandando profissionais capacitados em gestão ambiental de forma proporcional a atender este avanço. A agropecuária contribui com 29,60% do Produto Interno Bruto no município, com 397 estabelecimentos agropecuários, sendo que destes, 87% são utilizados pela agricultura familiar (constantemente aclamada pelo governo), ocupando 62% da área do município (IBGE 2010). Ao todo, a microrregião de Bom Sucesso engloba 4.361 estabelecimentos agropecuários destinados à agricultura familiar, que têm como principais atividades a cafeicultura e a pecuária leiteira. Para manter essa cadeia produtiva, é intenso o uso do solo e das águas, destacando, ainda, o uso contínuo de agroquímicos nas práticas agrícolas. Aliado a isto, Bom Sucesso em seu Distrito de “Macaia” é banhado pelo lago formado pela Usina Hidrelétrica do Funil, com muitos loteamentos a sua margem, destinados à construção civil. Juntamente com o Distrito de “Aureliano Mourão” a 14 km do município, privilegiado por várias cachoeiras e corredeiras com proteção ambiental, tem atraído significativo contingente de turistas, que contribuem com a economia local, desta forma, sendo necessário planejamento ambiental para ocupação das áreas de lazer. Ressalta-se, que na região existem indústrias de médio e grande porte, a exemplo da Empresa Intercement de cimento, situada no município de Ijaci, com divisa a 40 km de Bom Sucesso, onde o predomínio da economia é a mineração. Igualmente pode-se citar a Empresa AMG Mineração S.A. no município de Nazareno a 43 km e Saint-Gobain Brasil no município de Itutinga a 54 km, com extração de diversos tipos de minério.
Enfatizando a agricultura familiar, essa apresenta como uma das atividades agropecuárias brasileiras que mais tem sofrido com o atual modelo de desenvolvimento da agricultura. Não raro, percebe-se agricultores familiares endividados pela constante necessidade de obtenção de crédito para a compra de adubos, sementes e defensivos; encurralados em pequenas extensões de terras degradadas pelo uso de técnicas de cultivo inapropriadas para o tipo de terreno que ocupam; desestimulados pelos baixos preços que seus produtos encontram no mercado, na maioria das vezes insuficientes para cobrir os custos de produção. Alternativas produtivas para o setor, com foco no aumento da sustentabilidade econômica, social e ambiental são imprescindíveis. Nesse sentido, o curso superior de TGA possibilita a formação de profissionais aptos a atuarem nas diferentes fases da cadeia produtiva animal, vegetal e na vocação turística da região, contribuindo para o desenvolvimento regional e nacional, de forma sustentável, vindo assim, ao encontro das necessidades socioeconômicas e ambientais inerentes da região a fim de reverter o quadro exposto, sobretudo, pela demanda explícita aclamada pelas autoridades locais, empresas e alunos da rede estadual e de cursos do próprio Instituto, que também são advindos de várias cidades vizinhas.
Cabe ressaltar que uma promissora “janela” de oportunidades vem se abrindo aos gestores ambientais nas organizações. Profissionais de recursos humanos já reconheceram a dimensão ambiental nas empresas e estão selecionando cada vez mais gestores ambientais para atuarem em empresas privadas (FREITAS et al. 2011). Morgado et al. (2011) realizaram um estudo sobre a inserção profissional dos egressos do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP) e concluíram que aproximadamente 62% dos egressos atuam profissionalmente na área de Gestão Ambiental, sendo um resultado expressivo e que tende à um crescimento nos próximos anos. Com relação aos setores de atuação profissional, 56% informaram atuar no setor privado, 30% no setor público e 14% no terceiro setor. Segundo os autores, quase 90% declararam-se “Muito Satisfeitos” ou “Satisfeitos” com sua atuação profissional.
Destaca-se, de acordo com CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que a média da remuneração de um Tecnólogo em Gestão Ambiental é de R$ 3.441,27, no mercado de trabalho brasileiro para uma jornada de trabalho de 42 horas semanais (período de 01/2019 até 08/2019).
O cargo de Tecnólogo em Gestão Ambiental possui sinônimos que são registrados no contrato e na carteira de trabalho dentro do mesmo CBO 214010, como por exemplo Tecnólogo em Processos Ambientais, Tecnólogo em Saneamento Ambiental, Tecnólogo em Meio Ambiente.
Diante do exposto, o curso em TGA tem por intuito atender às demandas da sociedade contemporânea por profissionais atualizados e alinhados às necessidades no âmbito econômico - socioambiental em escala local, regional e global.
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